À dona de seu encanto, À bem-amada pudica, Por quem se desvela tanto, Por quem tanto se dedica, Olhos lavados em pranto, O seu amante suplica: O que me darás, donzela, Por preço de meu amor? — Dou-te os meus olhos (disse ela), Os meus olhos sem senhor... — Ai não me fales assim! Que uma esperança tão bela Nunca será para mim! O que me darás, donzela; Por preço de meu amor? — Dou-te os meus lábios (disse ela), Os meus lábios sem senhor... — Ái não me enganes assim, Sonho meu! Coisa tão bela Nunca será para mim! O que me darás, donzela, Por preço de meu amor? — Dou-te as minhas mãos (disse ela), As minhas mãos sem senhor... — Não me escarneças assim! Bem sei que prenda tão bela Nunca será para mim! O que me darás, donzela, Por preço de meu amor? — Dou-te os meus peitos (disse ela), Os meus peitos sem senhor... — Não me tortures assim! Mentes! Dádiva tão bela Nunca será para mim! O que me darás, donzela, Por preço de meu amor? — Minha rosa e minha vida... Que por perdê-la perdida, Me desfaleço de dor... — Não me enlouqueças assim, Vida minha! Flor tão bela Nunca será para mim! O que me darás, donzela?... — Deixas-me triste e sombria. Cismo... Não atino o quê... Dava-te quanto podia... Que queres mais que te dê? Responde o moço destarte: — Teu pensamento quero eu! — Isso não... não posso dar-te... Que há muito tempo ele é teu...