1/ MARCHINHA DAS TRÊS MARIAS Quando já a luz do dia Atrás das serras arde; Quando desmaia a tarde À lenta voz dos sinos: Nos céus da minha terra, Tão ricos de esperança, Brilham na noite mansa Três luzes, três destinos. Tremem gentis, tremeluzem com fulgor, Astros do meu anseio e meu amor, A levantar meus olhos para Deus. Três sóis, os três destinos Da terra em que nascemos, Pátria que estremecemos No solo e em sua história: Maria que és da Graça (Da Graça e dos Amores), Maria que és das Dores, Maria que és da Glória. Tremem gentis, tremeluzem com fulgor, Astros do meu anseio e meu amor, A levantar meus olhos para Deus. II QUADRILHA Roda, ciranda, Por aí fora, Chegou a hora De cirandar! Na tarde clara Vinde ligeiras, Ó companheiras, Rir e dançar! Moças que dançam Nas horas breves Dos sonhos leves, Na doce idade Das ilusões, Guardam lembrança, Boa lembrança Da mocidade Nos corações. Roda, ciranda, Como essas belas, Gratas estrelas Dos nossos céus! Vamos, em rondas Precipitadas, Como levadas Na asa dos véus! Moças que dançam Nas horas leves Dos sonhos breves, Na doce idade Das ilusões, Guardam lembrança Boa lembrança, Da mocidade Nos corações. III QUINTA BACHIANA Irerê, meu passarinho Do sertão do Cariri, Irerê, meu companheiro, Cadê viola? Cadê meu bem? Cadê Maria? Ai triste sorte a do violeiro cantadó! Sem a viola em que cantava o seu amô, Seu assobio é tua flauta de irerê: Que tua flauta do sertão quando assobia, A gente sofre sem querê! Teu canto chega lá do fundo do sertão Como uma brisa amolecendo o coração. Irerê, solta teu canto! Canta mais! Canta mais! Pra alembrá o Cariri! Canta, cambaxirra! Canta, juriti! Canta, irerê! Canta, canta, sofrê! Patativa! Bem-te-vi! Maria-acorda-que-é-dia! Cantem todos vocês, Passarinhos do sertão! Bem-te-vi! Eh sabiá! Lá! liá! liá! liá! liá! liá! Eh sabiá da mata cantadó! Liá! liá! liá! liá! Lá! liá! liá! liá! liá! liá! Eh sabiá da mata sofredó! O vosso canto vem do fundo do sertão Como uma brisa amolecendo o coração.