Donzela, deixa tua aia, Tem pena de meu penar. Já das assomadas raia O clarão dilucular, E o meu olhar se desmaia Transido de te buscar. Sai desse ninho de alfaia, — Céu puro de teu sonhar, Veste o quimão de cambraia, Mostra-te ao fulgor lunar. Dá que uma só vez descaia Do ermo balcão do solar Como uma ardente azagaia O teu fuzilante olhar. Donzela, deixa tua aia, Tem pena de meu penar... Sou mancebo de alta laia: Não trabalho e sei justar. Relincham em minha baia Hacanéias de invejar. Tenho lacaio e lacaia. Como um boi ao meu jantar! Castelã donosa e gaia, Acode ao meu suspirar Antes que a luz se me esvaia, Tem pena de meu penar. Vou-me ao golfo de Biscaia Como um bastardo afogar. Minh'alma blasfema e guaia, Minh'alma que vais danar, Dona Olaia, Dona Olaia! — Meu alaúde de faia, Soluça mais devagar...