No vale do Tribobó Tinha uma casa bonita Com varanda por dois lados Várias cadeiras de lona Redes rangendo gostosas E dentro pelas paredes Uns quadrinhos mozarlescos Como os cocôs de Clarinha... Mas era um calor danado! Lá fora em frente da casa Tinha um bosque muito agradável Todo de madeira de lei — Cedros jacarandás paus-d'arco — Debaixo de cuja sombra Era bom ficar fumando Embalançando nas redes Contando bobagens... Mas era um calor danado! Dentro de casa o conforto não deixava nada a desejar: Luz elétrica gelo instalações sanitárias completas Água quente de serpentina a qualquer hora do dia Comida ótima A mulher do homem que estava passando uns tempos no sítio era uma senhora distintíssima. Tinha três filhos: Rodrigo Luís que quando se referia aos planetas dizia o Vênus, o Mártir, etc. Joaquim Pedro bonitinho pra burro mas muito encabulado; e Clarinha a mesma de cujos cocôs já falei atrás. Os meninos viviam de espingardas caçando tatuíras O atribulado achava tudo isso delicioso familiar bucólico repousante... Mas era um calor danado! Na véspera da partida Faltou água, vejam só! Foi um pânico tremendo No sítio do Tribobó. O atribulado desceu Sacudido num fordeco Pra Maria Paula Baldeadouro Cova da Onça Fonseca Niterói E embarafustou numa barca Onde por cúmulo do azar Surgiu o Martins Errado! (Não havia possibilidade de evasão Nascer de novo não adiantava Todas as agências postais estavam fechadas Fazia um calor danado!)