O relento hiperestesia O ritmo tardo de meu sangue. Sinto correr-me a espinha langue Um calefrio de histeria... Gemem ondinas nos repuxos Das fontes. Faunos aparecem. E salamandras desfalecem Nas sarças, nos braços dos bruxos. Corro à floresta: entre miríades De vaga-lumes, junto aos troncos, Gênios caprípedes e broncos Estupram virgens hamadríades. Ergo olhos súplices: e vejo, Ante as minhas pupilas tontas, No sete-estrelo as sete pontas De sete espadas de desejo. O sexo obsidente alucina A minha índole surpresa: As imagens da natureza São um delírio de morfina. A minha carne complicada Espreita, em voluptuoso ardil, Alguém que tenha a alma sutil, Decadente, degenerada! E a lua verte como uma âmbula O filtro erótico que assombra... Vem, meu Pierrot, ó minha sombra Cocainômana e noctâmbula!...