Lágrimas, duas a duas, choraram dentro de mim, ao ler que o Prefeito Alvim mudou o nome de muitas ruas. Nomes de ruas que havia no Rio de antigamente! (A respeito, minha gente, ainda há a Rua da Alegria?) Eram tão lindos! Assim: Rua Bela da Princesa (que distinção, que beleza! nome que cheira a jardim). Rua Direita da Sé: nome firme, nome nobre; nome em que nada há que dobre; nome-afirmação de fé! Havia as ruas de ofício: Dos Ourives, dos Latoeiros... Becos: Beco dos Ferreiros... E havia as ruas do vício... Muito nome foi mudado, mas o novo não pegou: nunca ninguém não falou senão Largo do Machado. (Este nome pode ser, quando muito, acrescentado, assim, Largo do Machado de Assis gosto de dizer. Na do Catete, contou-me Z.., o mestre escreveu Brás Cubas. Darás na casa se subas pela rua do seu nome.) Esta Rua do Ouvidor já foi Caminho do Mar! (Ouvidor pode passar, mas o antigo era melhor.) Não tens laranjas, mas cheiras aos frutos da minha infância: ah inesquecível fragrância da que ainda és das Laranjeiras! O Largo da Mãe do Bispo há muito tempo acabou-se. (E hoje acabou o que era doce ainda: a Rua do Bispo...) Vais ter um nome pequeno, Rua do Jogo da Bola! Vais ter um nome pachola, ai Travessa do Sereno!