A tua boca ingênua e triste E voluptuosa, que eu saberia fazer Sorrir em meio dos pesares e chorar em meio das alegrias, A tua boca ingênua e triste É dele quando ele bem quer. Os teus seios miraculosos, Que amamentaram sem perder O precário frescor da pubescência, Teus seios, que são como os seios intatos das virgens, São dele quando ele bem quer. O teu claro ventre, Onde como no ventre da terra ouço bater O mistério de novas vidas e de novos pensamentos, Teu ventre, cujo contorno tem a pureza da linha de mar e céu ao pôr do sol, É dele quando ele bem quer. Só não é dele a tua tristeza. Tristeza dos que perderam o gosto de viver. Dos que a vida traiu impiedosamente. Tristeza de criança que se deve afagar e acalentar. (A minha tristeza também!...) Só não é dele a tua tristeza, ó minha triste amiga! Porque ele não a quer. 1913