Poemas sobre Sonhos
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Poesia que celebra a imaginação, a busca de objetivos e a realização de sonhos.
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Se tu viesses ver-me hoje à tardinha, A essa hora dos mágicos cansaços, Quando a noite de manso se avizinha, E me prendesses toda nos teus braços... Quando me lembra: esse sabor que tinha A ...
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Horas profundas, lentas e caladas Feitas de beijos rubros e ardentes, De noites de volúpia, noites quentes Onde há risos de virgens desmaiadas... Oiço olaias em flor às gargalhadas... Tombam...
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Verdes são os campos, De cor de limão: Assim são os olhos Do meu coração. Campo, que te estendes Com verdura bela; Ovelhas, que nela Vosso pasto tendes, De ervas vos mantendes Que traz o...
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Transforma-se o amador na cousa amada, Por virtude do muito imaginar; Não tenho logo mais que desejar, Pois em mim tenho a parte desejada. Se nela está minha alma transformada, Que mais dese...
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O fogo que na branda cera ardia, Vendo o rosto gentil que na alma vejo. Se acendeu de outro fogo do desejo, Por alcançar a luz que vence o dia. Como de dois ardores se incendia, Da grande im...
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No mundo quis o Tempo que se achasse O bem que por acerto ou sorte vinha; E, por exprimentar que dita tinha, Quis que a Fortuna em mim se exprimentasse. Mas por que meu destino me mostrasse ...
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Nunca em amor danou o atrevimento; Favorece a Fortuna a ousadia; Porque sempre a encolhida cobardia De pedra serve ao livre pensamento. Quem se eleva ao sublime Firmamento, A Estrela nele en...
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Qual tem a borboleta por costume, Que, enlevada na luz da acesa vela, Dando vai voltas mil, até que nela Se queima agora, agore se consume, Tal eu correndo vou ao vivo lume Desses olhos gent...
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"Vejo-a na alma pintada, Quando me pede o desejo O natural que não vejo." Se só no ver puramente Me transformei no que vi, De vista tão excelente Mal poderei ser ausente...
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Meio-dia. O sol a prumo cai ardente, Dourando tudo...ondeiam nos trigais D ́ouro fulvo, de leve...docemente... As papoulas sangrentas, sensuais... Andam asas no ar; e raparigas, Flores desabro...
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Manto de seda azul, o céu reflete Quanta alegria na minha alma vai! Tenho os meus lábios úmidos: tomai A flor e o mel que a vida nos promete! Sinfonia de luz meu corpo não repete O ritmo e a c...
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Trazes-me em tuas mãos de vitorioso Todos os bens que a vida me negou, E todo um roseiral, a abrir, glorioso Que a solitária estrada perfumou. Neste meio-dia límpido, radioso, Sinto o teu cora...
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Eu sou a que no mundo anda perdida, Eu sou a que na vida não tem norte, Sou a irmã do Sonho, e desta sorte Sou a crucificada ... a dolorida ... Sombra de névoa tênue e esvaecida, E que o desti...
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Tirar dentro do peito a emoção, A lúcida verdade, o sentimento! - E ser, depois de vir do coração, Um punhado de cinza esparso ao vento!... Sonhar um verso d ́alto pensamento, E puro como um r...
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Deixa-me ser a tua amiga, amor; A tua amiga só, já que não queres Que pelo teu amor seja a melhor A mais triste de todas as mulheres. Que só, de ti, me venha mágoa e dor O que me importa, a ...
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Procurei o amor, que me mentiu. Pedi à vida mais do que ela dava; Eterna sonhadora edificava Meu castelo de luz que me caiu! Tanto clarão nas trevas refulgiu, E tanto beijo a boca me queimava!...
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Viver!... Beber o vento e o sol!... Erguer Ao céu os corações a palpitar! Deus fez os nossos braços pra prender, E a boca fez-se sangue pra beijar! A chama, sempre rubra, ao alto a arder!... A...
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Na vida nada tenho e nada sou; Eu ando a mendigar pelas estradas... No silêncio das noites estreladas Caminho, sem saber para onde vou! Tinha o manto do sol... quem mo roubou?! Quem pisou mi...
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Quanta mulher no teu passado, quanta! Tanta sombra em redor! Mas que me importa? Se delas veio o sonho que conforta, A sua vinda foi três vezes santa! Erva do chão que a mão de Deus levanta, ...
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A noite empalidece.Alvorecer... Ouve-se mais o gargalhar da fonte... Sobre a cidade muda, o horizonte É uma orquídea estranha a florescer. Há andorinhas prontas a dizer A missa d ́alva, mal ...
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Nesse país de lenda, que me encanta, Ficaram meus brocados, que despi, E as jóias que p ́las aias reparti Como outras rosas de Rainha Santa! Tanta opala que eu tinha! Tanta, tanta! Foi por lá ...
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Amiga... noiva... irmã... o que quiseres! Por ti, todos os céus terão estrelas, Por teu amor, mendiga, hei de merecê-las, Ao beijar a esmola que me deres. Podes amar até outras mulheres! - Hei...
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Neste tormento inútil, neste empenho De tornar em silêncio o que em mim canta, Sobem-me roucos brados à garganta Num clamor de loucura que contenho. Ó alma da charneca sacrossanta, Irmã da a...
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No divino impudor da mocidade, Nesse êxtase pagão que vence a sorte, Num frêmito vibrante de ansiedade, Dou-te meu corpo prometido à morte! A sombra entre a mentira e a verdade... A nuvem qu...
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Rasga esses versos que eu te fiz, amor! Deita-os ao nada, ao pó, ao esquecimento, Que a cinza os cubra, que os arraste o vento, Que a tempestade os leve aonde for! Rasga-os na mente, se os soub...
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Cai chuva. É noite. Uma pequena brisa Substitui o calor. P'ra ser feliz tanta coisa é precisa. Este luzir é melhor. O que é a vida? O espaço é alguém para mim. Sonhando sou eu só. A luzir, ...
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Sei que nunca terei o que procuro E que nem sei buscar o que desejo, Mas busco, insciente, no silêncio escuro E pasmo do que sei que não almejo. 10/04/1927
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Cansado até dos deuses que não são... Ideais, sonhos... Como o sol é real E na objectiva coisa universal Não há o meu coração... Eu ergo a mão. Olho-a de mim, e o que ela é não sou eu. Ente...
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A lembrada canção, Amor, renova agora. Na noite, olhos fechados, tua voz Dói-me no coração Por tudo quanto chora. Cantas ao pé de mim, e eu estou a sós. Não, a voz não é tua Que se ergue e...
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Tudo quanto sonhei tenho perdido Antes de o ter. Um verso ao menos fique do inobtido, Música de perder. Pobre criança a quem não deram nada, Choras? É em vão. Como eu choro à...
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A lembrada canção, Amor, renova agora. Na noite, olhos fechados, tua voz Dói-me no coração Por tudo quanto chora. Cantas ao pé de mim, e eu estou a sós. Não, a voz não é tua Que se ergue e...
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Tudo quanto sonhei tenho perdido Antes de o ter. Um verso ao menos fique do inobtido, Música de perder. Pobre criança a quem não deram nada, Choras? É em vão. Como eu choro à...
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Sei que nunca terei o que procuro E que nem sei buscar o que desejo, Mas busco, insciente, no silêncio escuro E pasmo do que sei que não almejo. 10/04/1927
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Sei que nunca terei o que procuro E que nem sei buscar o que desejo, Mas busco, insciente, no silêncio escuro E pasmo do que sei que não almejo. 10/04/1927
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Cai chuva. É noite. Uma pequena brisa Substitui o calor. P'ra ser feliz tanta coisa é precisa. Este luzir é melhor. O que é a vida? O espaço é alguém para mim. Sonhando sou eu só. A luzir, ...
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Cansado até dos deuses que não são... Ideais, sonhos... Como o sol é real E na objectiva coisa universal Não há o meu coração... Eu ergo a mão. Olho-a de mim, e o que ela é não sou eu. Ente...
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A lembrada canção, Amor, renova agora. Na noite, olhos fechados, tua voz Dói-me no coração Por tudo quanto chora. Cantas ao pé de mim, e eu estou a sós. Não, a voz não é tua Que se ergue e...
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Tudo quanto sonhei tenho perdido Antes de o ter. Um verso ao menos fique do inobtido, Música de perder. Pobre criança a quem não deram nada, Choras? É em vão. Como eu choro à...
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Sei que nunca terei o que procuro E que nem sei buscar o que desejo, Mas busco, insciente, no silêncio escuro E pasmo do que sei que não almejo. 10/04/1927
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Cai chuva. É noite. Uma pequena brisa Substitui o calor. P'ra ser feliz tanta coisa é precisa. Este luzir é melhor. O que é a vida? O espaço é alguém para mim. Sonhando sou eu só. A luzir, ...
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Cansado até dos deuses que não são... Ideais, sonhos... Como o sol é real E na objectiva coisa universal Não há o meu coração... Eu ergo a mão. Olho-a de mim, e o que ela é não sou eu. Ente...
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A lembrada canção, Amor, renova agora. Na noite, olhos fechados, tua voz Dói-me no coração Por tudo quanto chora. Cantas ao pé de mim, e eu estou a sós. Não, a voz não é tua Que se ergue e...
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Tudo quanto sonhei tenho perdido Antes de o ter. Um verso ao menos fique do inobtido, Música de perder. Pobre criança a quem não deram nada, Choras? É em vão. Como eu choro à...
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Sei que nunca terei o que procuro E que nem sei buscar o que desejo, Mas busco, insciente, no silêncio escuro E pasmo do que sei que não almejo. 10/04/1927
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Cai chuva. É noite. Uma pequena brisa Substitui o calor. P'ra ser feliz tanta coisa é precisa. Este luzir é melhor. O que é a vida? O espaço é alguém para mim. Sonhando sou eu só. A luzir, ...
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Cansado até dos deuses que não são... Ideais, sonhos... Como o sol é real E na objectiva coisa universal Não há o meu coração... Eu ergo a mão. Olho-a de mim, e o que ela é não sou eu. Ente...
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A lembrada canção, Amor, renova agora. Na noite, olhos fechados, tua voz Dói-me no coração Por tudo quanto chora. Cantas ao pé de mim, e eu estou a sós. Não, a voz não é tua Que se ergue e...
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Tudo quanto sonhei tenho perdido Antes de o ter. Um verso ao menos fique do inobtido, Música de perder. Pobre criança a quem não deram nada, Choras? É em vão. Como eu choro à...
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Gnomos do luar que faz selvas As florestas sossegadas, Que sois silêncios nas relvas, E em almas abandonadas Fazeis sombras enganadas, Que sempre se a gente olha Acabastes de passar E só u...
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AH, JÁ ESTÁ tudo lido, Mesmo o que falta ler! Sonho, e ao meu ouvido Que música vem ter? Se escuto, nenhuma. Se não ouço ao luar Uma voz que é bruma Entra em me...
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A pálida luz da manhã de inverno, O cais e a razão Não dão mais 'sperança, nem menos 'sperança sequer, Ao meu coração. O que tem que ser Será, quer eu queira que seja ou qu...
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POEMAS CURTOS Meu ser vive na Noite e no Desejo. Minha alma é uma lembrança que há em mim; 12/12/1919 Longe de mim em mim existo À parte de quem sou, A sombra e o movimento em que c...
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Dói-me quem sou. E em meio da emoção Ergue a fronte de torre um pensamento. É como se na imensa solidão De uma alma a sós consigo, o coração Tivesse cérebro e conhecimento. Numa amargura art...
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Segue o teu destino, Rega as tuas plantas, Ama as tuas rosas. O resto é a sombra De árvores alheias. A realidade Sempre é mais ou menos Do que nós queremos. Só nós somos sem...
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Cada um cumpre o destino que lhe cumpre, E deseja o destino que deseja; Nem cumpre o que deseja, Nem deseja o que cumpre. Como as pedras na orla dos canteiros O Fado nos dispõe, e ...
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Nada fica de nada. Nada somos. Um pouco ao sol e ao ar nos atrasamos Da irrespirável treva que nos pese Da humilde terra imposta, Cadáveres adiados que procriam. Leis feitas, está...
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Seguro assento na coluna firme Dos versos em que fico, Nem temo o influxo inúmero futuro Dos tempos e do olvido; Que a mente, quando, fixa, em si contempla Os...
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Anjos ou deuses, sempre nós tivemos A visão perturbada de que acima De nós e compelindo-nos Agem outras presenças. Como acima dos gados que há nos campos O nosso esforço,...
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Seguro assento na coluna firme Dos versos em que fico, Nem temo o influxo inúmero futuro Dos tempos e do olvido; Que a mente, quando, fixa, em si contempla Os...
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Anjos ou deuses, sempre nós tivemos A visão perturbada de que acima De nós e compelindo-nos Agem outras presenças. Como acima dos gados que há nos campos O nosso esforço,...
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Seguro assento na coluna firme Dos versos em que fico, Nem temo o influxo inúmero futuro Dos tempos e do olvido; Que a mente, quando, fixa, em si contempla Os...
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Anjos ou deuses, sempre nós tivemos A visão perturbada de que acima De nós e compelindo-nos Agem outras presenças. Como acima dos gados que há nos campos O nosso esforço,...
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Seguro assento na coluna firme Dos versos em que fico, Nem temo o influxo inúmero futuro Dos tempos e do olvido; Que a mente, quando, fixa, em si contempla Os...
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Anjos ou deuses, sempre nós tivemos A visão perturbada de que acima De nós e compelindo-nos Agem outras presenças. Como acima dos gados que há nos campos O nosso esforço,...
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Azuis os montes que estão longe param. De eles a mim o vário campo ao vento, à brisa, Ou verde ou amarelo ou variegado, Ondula incertamente. Débil como uma haste de papoila Me s...
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Ouço, como se o cheiro De flores me acordasse... É música – um canteiro De influência e disfarce. Impalpável lembrança, Sorriso de ninguém, Com aquela esperança Que nem esper...
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Doce é o fruto à vista, e à boca amaro, Breve é a vida ao tempo e longa à alma. A arte, com que todos, — Ora sem saber virando os copos, Ora, enchendo-os, consiste em nos ousa...
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Cantos, risos e flores alumiem Nosso mortal destino, Para o ermo ocultar fundo, nocturno De nosso pensamento, Curvado, já em vida, sob a ideia Do plutónico go...
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Com que vida encherei os poucos breves Dias que me são dados? Será minha A minha vida ou dada A outros ou a sombras? À sombra de nós mesmos quantos homens Inconscient...
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Enquanto eu vir o sol luzir nas folhas E sentir toda a brisa nos cabelos Não quererei mais nada. Que me pode o Destino conceder Melhor que o lapso sensual da vida Ent...
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Quis que comigo vísseis A sombra essencial, o abstracto fruto Do inúmero universo. Mas, não fostes Mais que uma luz extinta em noite densa Um pampal sem fruto. (......
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Quis que comigo vísseis A sombra essencial, o abstracto fruto Do inúmero universo. Mas, não fostes Mais que uma luz extinta em noite densa Um pampal sem fruto. (......
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Amanhã estas letras em que te amo. Serão vistas, tu morta. Corpo, eras vida para que o não foras, Tão bela! Versos restam. Quem o (...)
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Fazer parar o giro sobre si Do vácuo pensamento, pôr a roda Em movimento sobre a terra escura Poção que por magia de bebê-la A dormente vontade em mim disperte De viver… (...)
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Manhã que raias sem olhar a mim, Sol que luzes sem querer saber de eu ver-te, É para mim que sois Reais e verdadeiros; Porque é na oposição ao que eu desejo Que sinto...
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Breve o inverno virá com sua branca Nudez vestir os campos. As lareiras serão as nossas pátrias E os contos que contarmos Assentados ao pé do seu calor Valerã...
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Em Ceres anoitece. Nos píncaros ainda Faz luz. Sinto-me tão grande Nesta hora solene E vã Que, assim como há deuses Dos campos, das flores Das se...
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Sofro, Lídia, do medo do destino. Qualquer pequena cousa de onde pode Brotar uma ordem nova em minha vida, Lídia, me aterra. Qualquer cousa, qual seja, que transforme Meu pla...
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BARROW-ON-FURNESS I Sou vil, sou reles, como toda a gente, Não tenho ideais, mas não os tem ninguém. Quem diz que os tem é como eu, mas mente. Quem diz que busca é porque não os tem. É ...
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Mestre, meu mestre querido! Coração do meu corpo intelectual e inteiro! Vida da origem da minha inspiração! Mestre, que é feito de ti nesta forma de vida? Não cuidaste se morrerias, se viveri...
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Faróis distantes, De luz subitamente tão acesa, De noite e ausência tão rapidamente volvida, Na noite, no convés, que consequências aflitas! Mágoa última dos despedidos, Ficção de pensar... ...
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Símbolos? Estou farto de símbolos... Mas dizem-me que tudo é símbolo. Todos me dizem nada. Quais símbolos? Sonhos. – Que o sol seja um símbolo, está bem... Que a lua seja um símbolo, está bem....
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Às vezes tenho ideias, felizes, Ideias subitamente felizes, em ideias E nas palavras em que naturalmente se despegam... Depois de escrever, leio... Porque escrevi isto? Onde fui buscar isto?...
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Na casa defronte de mim e dos meus sonhos, Que felicidade há sempre! Moram ali pessoas que desconheço, que já vi mas não vi. São felizes, porque não são eu. As crianças, que brincam às saca...
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Mestre, meu mestre querido! Coração do meu corpo intelectual e inteiro! Vida da origem da minha inspiração! Mestre, que é feito de ti nesta forma de vida? Não cuidaste se morrerias, se viveri...
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Faróis distantes, De luz subitamente tão acesa, De noite e ausência tão rapidamente volvida, Na noite, no convés, que consequências aflitas! Mágoa última dos despedidos, Ficção de pensar... ...
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Na casa defronte de mim e dos meus sonhos, Que felicidade há sempre! Moram ali pessoas que desconheço, que já vi mas não vi. São felizes, porque não são eu. As crianças, que brincam às saca...
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Mestre, meu mestre querido! Coração do meu corpo intelectual e inteiro! Vida da origem da minha inspiração! Mestre, que é feito de ti nesta forma de vida? Não cuidaste se morrerias, se viveri...
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Faróis distantes, De luz subitamente tão acesa, De noite e ausência tão rapidamente volvida, Na noite, no convés, que consequências aflitas! Mágoa última dos despedidos, Ficção de pensar... ...
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PSIQUETIPIA (OU PSICOTIPIA) Símbolos. Tudo símbolos... Se calhar, tudo é símbolos... Serás tu um símbolo também? Olho, desterrado de ti, as tuas mãos brancas Postas, com boas maneiras ingl...
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Ó ambições!... Como eu quisera ser Um pobre bibliófilo parado Sobre o eterno fólio desdobrado E sem mais na consciência de viver. Podia a primavera enverdecer E eu sempre sobre o livro recur...
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POEMA DE CANÇÃO SOBRE A ESPERANÇA I Dá-me lírios, lírios, E rosas também. Mas se não tens lírios Nem rosas a dar-me, Tem vontade ao menos De me dar os lírios E também as ...
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Ó ambições!... Como eu quisera ser Um pobre bibliófilo parado Sobre o eterno fólio desdobrado E sem mais na consciência de viver. Podia a primavera enverdecer E eu sempre sobre o livro recur...
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Duas horas e meia da madrugada. Acordo e adormeço. Houve em mim um momento de vida diferente entre sono e sono. Se ninguém condecora o sol por dar luz, Para que condecoram quem é herói? Dur...
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POEMA DE CANÇÃO SOBRE A ESPERANÇA I Dá-me lírios, lírios, E rosas também. Mas se não tens lírios Nem rosas a dar-me, Tem vontade ao menos De me dar os lírios E também as ...
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Tudo se funde no movimento (...) E cada arbusto fitado Nem é o terceiro que está a seguir. A bondade da chama nocturna em casas distantes, Os lares dos outros meras estrelas humanas na noite...
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Durmo, remoto; sonho, diferente, Meu coração, ansioso e pressuroso, Foi entalado num comboio entre Os dois vagões do meu destino ocioso.
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SAUDAÇÂO A W. WHITMAN Para cantar-te, Para cantar-te como tu quererias que te cantassem, Melhor é cantar a terra, o mar, as cidades e os campos — Os homens, as mulheres, as crianças, As prof...
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Ah, de que serve A arte que quer ser vida, sem a vida que quer ser? De que serve a arte se não é a arte que queremos? De que nos serve a vida se a queremos e não a buscamos, Se nunca é para nós...
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I Eu cantarei, Quando a manhã abrir as portas do meu esforço, Eu cantarei, Quando o alto-dia me fizer fechar os olhos, Eu cantarei, Quando o crepúsculo limar as arestas, Eu cantarei, Quan...
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O FUTURO Sei que me espera qualquer coisa Mas não sei que coisa me espera. Como um quarto escuro Que eu temo quando creio que nada temo Mas só o temo, por ele, temo em vão. Não é uma pres...
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Futilidade, irrealidade, (...) estática de toda a arte, Condenação dos artistas a não viver! Ó quem nos dera, Walt, A terceira coisa, a média entre a arte e vida A coisa que sentiste, e não s...
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Estou cheio de tédio, de nada. Em cima da cama Leio, com uma minuciosidade atómica, Lentamente, com uma atenção sem chama, A Nova Enciclopédia Maçónica. Penso no que fui (não me escapam as en...
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NOCTURNO DE DIA ...Não: o que tenho é sono. O quê? Tanto cansaço por causa das responsabilidades, Tanta amargura por causa de talvez se não ser célebre Tanto desenvolvimento de opiniões sobre...
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Durmo, remoto; sonho, diferente, Meu coração, ansioso e pressuroso, Foi entalado num comboio entre Os dois vagões do meu destino ocioso.
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A luz crua do estio prematuro Sai como um grito do ar da primavera... Meus olhos ardem-me como se viesse da Noite... Meu cérebro está tonto, como se eu quisesse justiça... Contra a luz crua t...
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SAUDAÇÂO A W. WHITMAN Para cantar-te, Para cantar-te como tu quererias que te cantassem, Melhor é cantar a terra, o mar, as cidades e os campos — Os homens, as mulheres, as crianças, As prof...
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Estou cansado da inteligência. Pensar faz mal às emoções. Uma grande reacção aparece. Chora-se de repente, e todas as tias mortas fazem chá de novo Na casa antiga da quinta velha. Pára. meu co...
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Hoje, que sinto nada a vontade, e não sei que dizer, Hoje, que tenho a inteligência sem saber o que querer, Quero escrever o meu epitáfio: Álvaro de Campos jaz Aqui, o resto a Antologia grega tr...
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SAUDAÇÂO A W. WHITMAN Para cantar-te, Para cantar-te como tu quererias que te cantassem, Melhor é cantar a terra, o mar, as cidades e os campos — Os homens, as mulheres, as crianças, As prof...
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Ah, de que serve A arte que quer ser vida, sem a vida que quer ser? De que serve a arte se não é a arte que queremos? De que nos serve a vida se a queremos e não a buscamos, Se nunca é para nós...
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NOCTURNO DE DIA ...Não: o que tenho é sono. O quê? Tanto cansaço por causa das responsabilidades, Tanta amargura por causa de talvez se não ser célebre Tanto desenvolvimento de opiniões sobre...
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A luz crua do estio prematuro Sai como um grito do ar da primavera... Meus olhos ardem-me como se viesse da Noite... Meu cérebro está tonto, como se eu quisesse justiça... Contra a luz crua t...
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O conto antigo da Gata Borralheira, O João Ratão e o Barba Azul e os 40 Ladrões, E depois o Catecismo e a história de Cristo E depois todos os poetas e todos os filósofos; E a lenha ardia na la...
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SAUDAÇÂO A W. WHITMAN Para cantar-te, Para cantar-te como tu quererias que te cantassem, Melhor é cantar a terra, o mar, as cidades e os campos — Os homens, as mulheres, as crianças, As prof...
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Ah, de que serve A arte que quer ser vida, sem a vida que quer ser? De que serve a arte se não é a arte que queremos? De que nos serve a vida se a queremos e não a buscamos, Se nunca é para nós...
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I Eu cantarei, Quando a manhã abrir as portas do meu esforço, Eu cantarei, Quando o alto-dia me fizer fechar os olhos, Eu cantarei, Quando o crepúsculo limar as arestas, Eu cantarei, Quan...
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O FUTURO Sei que me espera qualquer coisa Mas não sei que coisa me espera. Como um quarto escuro Que eu temo quando creio que nada temo Mas só o temo, por ele, temo em vão. Não é uma pres...
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Névoas de todas as recordações juntas (A institutrice loura dos jardins pacatos) Recordo tudo a ouro do sol e papel de seda... E o arco da criança passa veloz por quase rente a mim...
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Segue o teu destino, Rega as tuas plantas, Ama as tuas rosas. O resto é a sombra De árvores alheias. A realidade Sempre é mais ou menos Do que nós queremos. Só nós somos sempre Iguais a nó...
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Cada um cumpre o destino que lhe cumpre, E deseja o destino que deseja; Nem cumpre o que deseja, Nem deseja o que cumpre. Como as pedras na orla dos canteiros O Fado nos dispõe, e ali ficamo...
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Nada fica de nada. Nada somos. Um pouco ao sol e ao ar nos atrasamos Da irrespirável treva que nos pese Da humilde terra imposta, Cadáveres adiados que procriam. Leis feitas, estátuas vista...
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Seguro assento na coluna firme Dos versos em que fico, Nem temo o influxo inúmero futuro Dos tempos e do olvido; Que a mente, quando, fixa, em si contempla Os reflexos ...
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Anjos ou deuses, sempre nós tivemos A visão perturbada de que acima De nós e compelindo-nos Agem outras presenças. Como acima dos gados que há nos campos O nosso esforço, que eles ...
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Seguro assento na coluna firme Dos versos em que fico, Nem temo o influxo inúmero futuro Dos tempos e do olvido; Que a mente, quando, fixa, em si contempla Os reflexos ...
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Anjos ou deuses, sempre nós tivemos A visão perturbada de que acima De nós e compelindo-nos Agem outras presenças. Como acima dos gados que há nos campos O nosso esforço, que eles ...
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Seguro assento na coluna firme Dos versos em que fico, Nem temo o influxo inúmero futuro Dos tempos e do olvido; Que a mente, quando, fixa, em si contempla Os reflexos ...
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Anjos ou deuses, sempre nós tivemos A visão perturbada de que acima De nós e compelindo-nos Agem outras presenças. Como acima dos gados que há nos campos O nosso esforço, que eles ...
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Seguro assento na coluna firme Dos versos em que fico, Nem temo o influxo inúmero futuro Dos tempos e do olvido; Que a mente, quando, fixa, em si contempla Os reflexos ...
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Anjos ou deuses, sempre nós tivemos A visão perturbada de que acima De nós e compelindo-nos Agem outras presenças. Como acima dos gados que há nos campos O nosso esforço, que eles ...
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Azuis os montes que estão longe param. De eles a mim o vário campo ao vento, à brisa, Ou verde ou amarelo ou variegado, Ondula incertamente. Débil como uma haste de papoila Me suporta o m...
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Ouço, como se o cheiro De flores me acordasse... É música – um canteiro De influência e disfarce. Impalpável lembrança, Sorriso de ninguém, Com aquela esperança Que nem esperança tem... ...
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Doce é o fruto à vista, e à boca amaro, Breve é a vida ao tempo e longa à alma. A arte, com que todos, — Ora sem saber virando os copos, Ora, enchendo-os, consiste em nos ousarmos, ...
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Cantos, risos e flores alumiem Nosso mortal destino, Para o ermo ocultar fundo, nocturno De nosso pensamento, Curvado, já em vida, sob a ideia Do plutónico gozo, Cônsc...
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Com que vida encherei os poucos breves Dias que me são dados? Será minha A minha vida ou dada A outros ou a sombras? À sombra de nós mesmos quantos homens Inconscientes nos sac...
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Enquanto eu vir o sol luzir nas folhas E sentir toda a brisa nos cabelos Não quererei mais nada. Que me pode o Destino conceder Melhor que o lapso sensual da vida Entre ignorân...
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Quis que comigo vísseis A sombra essencial, o abstracto fruto Do inúmero universo. Mas, não fostes Mais que uma luz extinta em noite densa Um pampal sem fruto. (...) — Que é...
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Quis que comigo vísseis A sombra essencial, o abstracto fruto Do inúmero universo. Mas, não fostes Mais que uma luz extinta em noite densa Um pampal sem fruto. (...) — Que é...
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Amanhã estas letras em que te amo. Serão vistas, tu morta. Corpo, eras vida para que o não foras, Tão bela! Versos restam. Quem o (...)
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Fazer parar o giro sobre si Do vácuo pensamento, pôr a roda Em movimento sobre a terra escura Poção que por magia de bebê-la A dormente vontade em mim disperte De viver… (...)
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Manhã que raias sem olhar a mim, Sol que luzes sem querer saber de eu ver-te, É para mim que sois Reais e verdadeiros; Porque é na oposição ao que eu desejo Que sinto real a na...
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Breve o inverno virá com sua branca Nudez vestir os campos. As lareiras serão as nossas pátrias E os contos que contarmos Assentados ao pé do seu calor Valerão as cançõ...
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Em Ceres anoitece. Nos píncaros ainda Faz luz. Sinto-me tão grande Nesta hora solene E vã Que, assim como há deuses Dos campos, das flores Das searas, Agora e...
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Sofro, Lídia, do medo do destino. Qualquer pequena cousa de onde pode Brotar uma ordem nova em minha vida, Lídia, me aterra. Qualquer cousa, qual seja, que transforme Meu plano curso d...
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Como se ama o silêncio, a luz, o aroma, O orvalho numa flor, nos céus a estrela, No largo mar a sombra de uma vela, Que lá na extrema do horizonte assoma; Como se ama o clarão da branca lua, ...
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Le mal dont j'ai souffert s'est enfui comme un rêve, Je n'en puis comparer le lontain souvenir Qu'à ces brouillards légers que l'aurore soulève Et qu'avec la rosée on voit s'évanouir. MUSSET ...
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I O' Guerreiros da Taba sagrada, O' Guerreiros da Tribo Tupi, Falam Deuses nos cantos do Piaga, O' Guerreiros, meus cantos ouvi. Esta noite — era a lua já morta — Anhangá me vedava sonhar...
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As artes são irmãs, e os seus cultores Do fogo criador nas mesmas chamas, Perante o mesmo altar, coroam-se, ardendo. A mesma inspiração, que acende o estro, Guia a mão do pintor quando debuxa ...
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Le poete est ciseleur, Le ciseleur est poete. Não quero o Zeus Capitolino, Hercúleo e belo, Talhar no mármore divino Com o camartelo. (...) Invejo o ourives quando escrevo: Imito o am...
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Nunca morrer assim! Nunca morrer num dia Assim! de um sol assim! Tu, desgrenhada e fria, Fria! postos nos meus os teus olhos molhados, E apertando nos teus os meus dedos gelados... E um dia ...
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(Paráfrase) A Lua: Sou um pequeno mundo; Movo-me, rolo e danço Por este céu profundo; Por sorte Deus me deu Mover-me sem descanso, Em torno de outro mundo, Que inda é maior do que eu. ...
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XXVI Quando cantas, minhalma desprezando O invólucro do corpo, ascende às belas Altas esferas de ouro, e, acima delas, Ouve arcanjos as cítaras pulsando. Corre os países longes, que revela...
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XVII Por estas noites frias e brumosas É que melhor se pode amar, querida! Nem uma estrela pálida, perdida Entre a névoa, abre as pálpebras medrosas Mas um perfume cálido de rosas Corre a...
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Resplandeces e ris, ardes e tumultuas; Na escalada do céu, galgando em fúria o espaço, Sobem do teu tear de praças e de ruas Atlas de ferro, Anteus de pedra e Brontes de aço. Gloriosa! Promet...
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XXXII Como quisesse livre ser, deixando As paragens natais, espaço em fora, A ave, ao bafejo tépido da aurora, Abriu as asas e partiu cantando. Estranhos climas, longes céus, cortando Nuv...
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Por estas noites frias e brumosas É que melhor se pode amar, querida! Nem uma estrela pálida, perdida Entre a névoa, abre as pálpebras medrosas... Mas um perfume cálido de rosas Corre a face...
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Esta de áureos relevos, trabalhada De divas mãos, brilhante copa, um dia, Já de aos deuses servir como cansada, Vinda do Olimpo, a um novo deus servia. Era o poeta de Teos que o suspendia En...
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Estranho mimo aquele vaso! Vi-o, Casualmente, uma vez, de um perfumado Contador sobre o mármor luzidio, Entre um leque e o começo de um bordado. Fino artista chinês, enamorado, Nele pusera o...
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Os beija-flores, em festa, Com o sol, com a luz, com os rumores, Saem da verde floresta, Como um punhado de flores. E abrindo as asas formosas, As asas aurifulgentes, Feitas de opalas arden...
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Fica às vezes em nós um verso a que a ventura Não é dada jamais de ver a luz do dia; Fragmento de expressão de idéia fugidia, Do pélago interior bóia na vaga escura. Sós o ouvimos conosco; à ...
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I Móvel, festivo, trépido, arrolando, À clara voz, talvez da turba iriada De sereias de cauda prateada, Que vão com o vento os carmes concertando, O mar, — turquesa enorme, iluminada, Era...
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Erguido em negro mármor luzidio, Portas fechadas, num mistério enorme, Numa terra de reis, mudo e sombrio, Sono de lendas um palácio dorme. Torvo, imoto em seu leito, um rio o cinge, E, à lu...
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I Embala-me, balanço da mangueira, Embala-me, que enquanto vou contigo, Contigo venho, o meu pesar esqueço. Rompe a luz da manhã rosada e linda, Tudo desperta. E essa por quem padeço, Lângu...
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Ser palmeira! existir num píncaro azulado, Vendo as nuvens mais perto e as estrelas em bando; Dar ao sopro do mar o seio perfumado, Ora os leques abrindo, ora os leques fechando; Só de meu ci...
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Já sob o largo pálio a tenebrosa Noite as estrelas nítidas e belas Prendera ao seio, como mãe piedosa. De umas as brancas lúcidas capelas, De outras o manto e as clâmides de linho Viam-se à ...
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— "... Vi um por um, oh! provação tremenda! Nunca me há de esquecer aquele dia! Debandar os escravos da fazenda. A esta, em idos tempos de alegria, Chamara, porque as tinha, de "Esperança", ...
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Vai-se a primeira pomba despertada... Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas De pombas vão-se dos pombais, apenas Raia sanguínea e fresca a madrugada... E à tarde, quando a rígida nor...
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Raiava, ao longe, em fogo a lua nova, Lembras-te?... apenas reluzia a medo, Na escuridão crepuscular da alcova O diamante que ardia-te no dedo... Nesse ambiente tépido, enervante, Os meus de...
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Num recesso da selva ínvia e sombria, Estrelada de flores, vicejante, Onde um rio entre seixos, espumante, Cursando o vale, túrgido, fluía; A coma esparsa, lívido o semblante, Desvairados os...
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Ó Marília! Ó Dirceu! Eram dois ninhos Os vossos corações, ninhos de flores; Mas, entre os quais, sentíeis os rigores Lacerantes de incógnitos espinhos; Tremiam, como em flácidos arminhos, Pr...
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Visões que n'alma o céu do exílio incuba, Mortais visões! Fuzila o azul infando... Coleia, basilisco de ouro, ondeando O Níger... Bramem leões de fulva juba... Uivam chacais... Ressoa a fera ...
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Agrada à vista e à fantasia agrada Ver-te, através do prisma de diamantes Da chuva, assim ferida e atravessada Do sol pelos venábulos radiantes... Vais e molhas-te, embora os pés levantes: –...
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Além nos ares, tremulamente, Que visão branca das nuvens sai! Luz entre as franças, fria e silente; Assim nos ares, tremulamente, Balão aceso subindo vai... Há tantos olhos nela arroubados, ...
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Doire a Poesia a escura realidade E a mim a encubra! Um visionário ardente Quis vê-la nua um dia; e, ousadamente, Do áureo manto despoja a divindade; O estema da perpétua mocidade Tira-lhe e...
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Rondo pela noite Imaginando mil coisas Meditando sozinho Até a madrugada Isto tudo é tão contrário Medo e coragem Amor e ódio Revolta e compreensão Mas nada rima nesse mundo Apenas eu...
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Belo belo belo, Tenho tudo quanto quero. Tenho o fogo de constelações extintas há milênios. E o risco brevíssimo — que foi? passou — de tantas estrelas cadentes. A aurora apaga-se, ...
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Eu vi uma rosa — Uma rosa branca — Sozinha no galho. No galho? Sozinha No jardim, na rua. Sozinha no mundo. Em torno, no entanto, Ao sol de mei-dia, Toda a natureza E...
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Poeta sou; pai, pouco; irmão, mais. Lúcido, sim; eleito, não. E bem triste de tantos ais Que me enchem a imaginação. Com que sonho? Não sei bem não. Talvez com me bastar, feliz ...
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Belo belo minha bela Tenho tudo que não quero Não tenho nada que quero Não quero óculos nem tosse Nem obrigação de voto Quero quero Quero a solidão dos píncaros A água da fonte...
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Sou bem-nascido. Menino, Fui, como os demais, feliz. Depois, veio o mau destino E fez de mim o que quis. Veio o mau gênio da vida, Rompeu em meu coração, Levou tudo de vencida, ...
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É noite. A Lua, ardente e terna, Verte na solidão sombria À sua imensa, a sua eterna Melancolia... Dormem as sombras na alameda Ao longo do ermo Piabanha. E dele um ruído vem de...
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Ês grande e bela, como as deusas e as esfinges E as montanhas e o mar... És noite e aurora, Allinges!
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Os poucos versos que aí vão, Em lugar de outros é que os ponho. Tu que me lês, deixo ao teu sonho Imaginar como serão. Neles porás tua tristeza Ou bem teu júbilo, e, talvez, Lhe...
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Aqui, sob esta pedra, onde o orvalho roreja, Repousa, embalsamado em óleos vegetais, O alvo corpo de quem, como uma ave que adeja, Dançava descuidosa, e hoje não dança mais... Quem nã...
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Se não a vejo e o espírito a afigura, Cresce este meu desejo de hora em hora... Cuido dizer-lhe o amor que me tortura, O amor que a exalta e a pede e a chama e a implora. Cuido contar...
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Ser de eleição em cujo olhar a natureza Acendeu a fagulha altiva que fascina, Tu trazias aquela aspiração divina De realizar na vida a perfeita beleza. Creste achá-la no amor, na indi...
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O que tu chamas tua paixão, E tão-somente curiosidade. E os teus desejos ferventes vão Batendo as asas na irrealidade... Curiosidade sentimental Do seu aroma, da sua pele. Sonha...
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Morre a tarde. Erra no ar a divina fragrância. Fora, a mortiça luz do crepúsculo arde. Nas árvores, no oceano e no azul da distância Morre a tarde... Morrem as rosas. Minhas pálpebras...
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Enquanto nesta atroz demora, Que me tortura, que me abrasa, Espero a cobiçada hora Em que irei ver-te à tua casa; Por enganar o meu desejo De inteira e descuidada posse, Ai de n...
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O crepúsculo cai, tão manso e benfazejo Que me adoça o pesar de estar em terra estranha. E enquanto o ângelus abençoa o lugarejo, Eu penso em ti, apaziguado e sem desejo, Fitando no hor...
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As estrelas tremem no ar frio, no céu frio... E no ar frio pinga, levíssima, a orvalhada. Nem mais um ruído corta o silêncio da estrada, Senão na ribanceira um vago murmáúrio. Tudo do...
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Quando hoje acordei, ainda fazia escuro (Embora a manhã já estivesse avançada). Chovia. Chovia uma triste chuva de resignação Como contraste e consolo ao calor tempestuoso da noite. ...
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Atrás de minha fronte esquálida, Que em insônias se mortifica, Brilha uma como chama pálida De pálida, pálida mica... Não a acendeu a ardente febre, Ai de mim, da consumpção hética...
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Quando o poeta aparece, Sacha levanta os olhos claros, Onde a surpresa é o sol que vai nascer. O poeta a seguir diz coisas incríveis, Desce ao fogo central da Terra, Sobe na ponta ma...
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Dorme, dorme, dorme... Quem te alisa a testa Não é Malatesta, Nem Pantagruel — O poeta enorme. Quem te alisa a testa É aquele que vive Sempre adolescente Nos oásis mais fres...
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- À poesia é o teu vôo Repletando a tua alma de alegrias, Maravilhamentos e espantos. Atrás de ti caminha um anjo — “Todo anjo é terrível!” — E este te vai guiando para Deus Pelo ...
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Meu caro Rui Ribeiro Couto, a mocidade Promete mais que dá. Sonhamos se dormimos, E sonhamos quando acordados. Altos cimos Da aspiração, que em torno vê só a imensidade! Assim, amigo, f...
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Na calada Da alta noite, Quando a sombra é como a augusta Antecipação da morte, Grita o fauno: — "Bem que velho, Te reclamo. Bem que velho, Te desejo, Quero e chamo, O...
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Um dia pensei um poema para Maísa "Maísa não é isso Maísa não é aquilo Como é então que Maísa me comove me sacode me buleversa me hipnotiza? Muito simplesmente Maísa não é isso mas...
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Louvo o Padre, louvo o Filho E louvo o Espírito Santo. Idem louvo, exalto e canto O prosador, grande filho Do Norte, e que no deserto Do romance nacional, Ergueu, escorreito e dis...
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Frescura das sereias e do orvalho, Graça dos brancos pés dos pequeninos, Voz das manhãs cantando pelos sinos, Rosa mais alta no mais alto galho: De quem me valerei, se não me valho ...
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O vento varria as folhas, O vento varria os frutos, O vento varria as flores... E a minha vida ficava Cada vez mais cheia De frutos, de flores, de folhas. O vento varria as luze...
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Scorn not the sonnet, disse o inglês. Ouviste O conselho do poeta e um dia, quando Mais o espinho pungiu da ausência triste, O primeiro soneto abriu cantando. Musa do verso livre, hoj...
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Bela, Bela, ritornelo Seja em tua vida, espero : Belo, belo, belo, belo, Tenho tudo quanto quero!
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O poeta te deseja, Hilda, o favor divino Neste metro, como teu pai, alexandrino.
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Mais te amo, ó poesia, quando A realidade transcendes Em pânico, desvairando Na voz de um Murilo Mendes.
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Teu nome, voz das sereias, Teu nome, o meu pensamento, Escrevi-o nas areias, Na água — escrevi-o no vento.
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Ando sem inspiração... Mas vou ver se agora arranjo os Versos que o meu coração Quer para Márcia dos Anjos.
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Quisera poder molhar A minha pena no orvalho Para num verso imitar À aurora que ouço cantar Nos olhos de Isá Bicalho.
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Outro, não eu, ó debutantes! Cante as galas primaveris. Que o meu estro de relutantes Octossílabos já senis Mais imagina do que diz O que nos primeiros instantes Do amor e do sonh...
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1/ MARCHINHA DAS TRÊS MARIAS Quando já a luz do dia Atrás das serras arde; Quando desmaia a tarde À lenta voz dos sinos: Nos céus da minha terra, Tão ricos de esperança, Bril...
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Um dia destes a saudade (Saudade, a mais triste das flores) Me deu da minha mocidade No Palacete dos Amores. O Palacete dos Amores Criação que a força de vontade Do velho Gomes,...
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Março. Visita da princesa inglesa. Raivou o calor desabaladamente. Foi culpa mesmo da duquesa, Que é Kent. Fui ao Museu de Arte Moderna, À exposição dos neoconcretos. Motivos po...
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Helena Maria: O preto no branco, No branco a poesia, No preto esse arranco "Da alma forte e pura Em sua ternura.
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Triste flor de milonga ao abandono, Betsabé, Betsabé, que mal me fazes! Ontem, a coqueluche dos rapazes, E agora? pobre pássaro sem dono. Primavera e verão foram-se. O outono Chego...
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Sonhei ter sonhado Que havia sonhado. Em sonho lembrei-me De um sonho passado: O de ter sonhado Que estava sonhando. Sonhei ter sonhado... Ter sonhado o quê? Que havia s...
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Se a minha amada um longo olhar me desse Dos seus olhos que ferem como espadas, Eu domaria o mar que se enfurece E escalaria as nuvens rendilhadas. Se ela deixasse, extático e suspens...
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Longe do belo céu da Pátria minha, Que a mente me acendia, Em tempo mais feliz, em qu'eu cantava Das palmeiras à sombra os pátrios feitos; Sem mais ouvir o vago som dos bosques, Nem ...
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Dos vates a antiga usança Quis respeitoso seguir, Ensaiando em anagrama Teu doce nome exprimir; Mas a mente em vão se cansa, No desejo que me inflama Nada me vem acudir. Não ...
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Bailando no ar, gemia inquieto vaga-lume: "Quem me dera que fosse aquela loura estrela, Que arde no eterno azul, como uma eterna vela!" Mas a estrela, fitando a lua, com ciúme: "Pudesse eu co...
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A M. Ferreira Guimarães (1863) Dous horizonte fecham nossa vida: Um horizonte, — a saudade Do que não há de voltar; Outro horizonte, — a esperança Dos tempos que hão de chegar...
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Noite: abrem-se as flores . . . Que esplendores! Cíntia sonha seus amores Pelo céu. Tênues as neblinas Às campinas Descem das colinas, Como um véu. Mãos em mãos travadas,...
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Já raro e mais escasso A noite arrasta o manto, E verte o último pranto Por todo o vasto espaço. Tíbio clarão já cora A tela do horizonte, E já de sobre o monte Vem debruçar-...
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O poeta chegara ao alto da montanha, E quando ia a descer a vertente do oeste, Viu uma cousa estranha, Uma figura má. Então, volvendo o olhar ao subtil, ao celeste, Ao gracioso Ari...
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Je veux changer mes pensées en oiseaux. C. MAROT Olha como, cortando os leves ares, Passam do vale ao monte as andorinhas; Vão pousar na verdura dos palmares, Que, à tarde, cobre t...
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Tu foges à cidade? Feliz amigo! Vão Contigo a liberdade, A vida e o coração. A estância que te espera É feita para o amor Do sol com a primavera, No seio de uma flor. Do...
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Canto VII II Eis que um sonho, agitando as asas brancas Leve espalha no cérebro do Almada, Como gotas de chuva rara e fina, Um pó sutil de mágicas patranhas. Sonha. .. Em que...
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Taça d'água parece o lago ameno; Têm os bambus a forma de cabanas, Que as árvores em flor, mais altas, cobrem Com verdejantes tetos. As pontiagudas rochas entre flores, Dos pagodes...
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Meu amigo, a imaginação e o espírito têm limites; a não ser a famosa botelha dos saltimbancos e a credulidade dos homens, nada conheço inesgotável debaixo do sol.
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Alguma coisa escapa ao naufrágio das ilusões.
