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Vila Rica

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"Vila Rica" é um poema de Olavo Bilac que retrata a cidade de Ouro Preto, antiga capital de Minas Gerais, durante o período da exploração do ouro. O poema descreve a beleza e a decadência da cidade, com suas casas antigas cobertas pelo ouro do pôr do sol e as minas sangrando ouro nas entranhas da terra. O crepúsculo é comparado a uma extrema-unção, trazendo um tom austero e melancólico à paisagem. O céu é descrito como um ouro envelhecido, enquanto a neblina cicia como uma procissão espectral. O poema termina com o sino dobrando e o ouro dos astros chovendo sobre a triste Ouro Preto. "Vila Rica" é um poema que evoca a história e a atmosfera de uma cidade marcada pela riqueza e pela decadência, sendo adequado para ser lido ou compartilhado em ocasiões que valorizem a poesia lírica e a reflexão sobre o passado.

Vila Rica

Um Poema de Olavo Bilac

O ouro fulvo do ocaso as velhas casas cobre;

Sangram, em laivos de ouro, as minas, que ambição

Na torturada entranha abriu da terra nobre:

E cada cicatriz brilha como um brasão.


O ângelus plange ao longe em doloroso dobre,

O último ouro de sol morre na cerração.

E, austero, amortalhando a urbe gloriosa e pobre,

O crepúsculo cai como uma extrema-unção.


Agora, para além do cerro, o céu parece

Feito de um ouro ancião, que o tempo enegreceu...

A neblina, roçando o chão, cicia, em prece,


Como uma procissão espectral que se move...

Dobra o sino... Soluça um verso de Dirceu...

Sobre a triste Ouro Preto o ouro dos astros chove.


Publicado no livro Tarde (1919).


In: BILAC, Olavo. Obra reunida. Org. e introd. Alexei Bueno. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1996. p. 269. (Biblioteca luso-brasileira. Série brasileira)

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Olavo Bilac

Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac foi um jornalista e poeta brasileiro, com Alberto de Oliveira e Raimundo correia formou a famosa Trindade Parnasiana.

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