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Os antigos invocavam as Musas.

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Este poema de Álvaro de Campos reflete sobre a diferença entre os antigos e os modernos na sua relação com a inspiração poética. Enquanto os antigos invocavam as Musas para obter inspiração, os modernos invocam a si mesmos, mas sem sucesso. O eu lírico expressa a sua frustração ao não conseguir ouvir nenhum eco das suas invocações, apenas vendo o reflexo vago e escuro da sua própria imagem no fundo do poço. O poema sugere uma sensação de vazio e falta de conexão com a fonte de inspiração. Este poema pode ser partilhado em ocasiões em que se queira refletir sobre a natureza da inspiração poética e a relação do poeta consigo mesmo. Convido-te a explorar mais poemas no website www.poetmi.com.

Os antigos invocavam as Musas.

Um Poema de Álvaro de Campos

Os antigos invocavam as Musas.

Nós invocamo-nos a nós mesmos.

Não sei se as Musas apareciam –

Seria sem dúvida conforme o invocado e a invocação. –

Mas sei que nós não aparecemos.

Quantas vezes me tenho debruçado

Sobre o poço que me suponho

E balido «Ah!» para ouvir um eco,

E não tenho ouvido mais que o visto –

O vago alvor escuro com que a água resplandece

Lá na inutilidade do fundo...

Nenhum eco para mim...

Só vagamente uma cara,

Que deve ser a minha, por não poder ser de outro.

É uma coisa quase invisível,

Excepto como luminosamente vejo

Lá no fundo...

No silêncio e na luz falsa do fundo...


Que Musa!...........


03/01/1935

No poetmi desde 2022-10-07 01:37:27

Álvaro de Campos in Poesias de Álvaro de Campos


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Álvaro de Campos

O Poeta Álvaro de Campos é um dos mais importantes heterônimos de Fernando Pessoa.

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