Olha. O Filho do Céu, em trono de ouro, E adornado com ricas pedrarias, Os mandarins escuta: — um sol parece De estrelas rodeado. Os mandarins discutem gravemente Cousas muito mais graves. E ele? Foge-lhe O pensamento inquieto e distraído Pela janela aberta. Além, no pavilhão de porcelana, Entre donas gentis está sentada A imperatriz, qual flor radiante e pura Entre viçosas folhas. Pensa no amado esposo, arde por vê-lo, Prolonga-se-lhe a ausência, agita o leque. .. Do imperador ao rosto um sopro chega De recendente brisa. "Vem dela este perfume", diz, e abrindo Caminho ao pavilhão da amada esposa, Deixa na sala, olhando-se em silêncio, Os mandarins pasmados. Publicado no livro Falenas: Vária, Lira Chinesa, Uma Ode a Anacreonte, Pálida Elvira (1870). Poema integrante da série Lira Chinesa. In: ASSIS, Machado de. Obra completa. Org. Afrânio Coutinho. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. v.3, p.54. (Biblioteca luso-brasileira. Série brasileira) NOTA: Paráfrase de poema de Thu-Fu, poeta chinês, baseada em tradução em prosa feita por Judith Walter em 186