Resplandeces e ris, ardes e tumultuas; Na escalada do céu, galgando em fúria o espaço, Sobem do teu tear de praças e de ruas Atlas de ferro, Anteus de pedra e Brontes de aço. Gloriosa! Prometeu revive em teu regaço, Delira no teu gênio, enche as artérias tuas, E combure-te a entranha arfante de cansaço, Na incessante criação de assombros em que estuas. Mas, como as tuas Babéis, debalde o céu recortas, E pesas sobre o mar, quando o teu vulto assoma, Como a recordação da Tebas de cem portas: Falta-te o Tempo, — o vago, o religioso aroma Que se respira no ar de Lutécia e de Roma, Sempre moço perfume ancião de idades mortas... Publicado no livro Tarde (1919). In: BILAC, Olavo. Poesias. Posfácio R. Magalhães Júnior. Rio de Janeiro: Ediouro, 197