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Meu amor perdido, não te choro mais, que eu não te perdi!

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Este poema de Álvaro de Campos expressa uma visão peculiar sobre a perda e a ausência do amor. O eu lírico afirma que não chora mais pelo amor perdido, pois não o perdeu verdadeiramente, uma vez que o ser do amor permanece presente tanto nele como na pessoa amada. O poema reflete sobre a morte e a separação, mas também sobre a possibilidade de reencontro no além. Recomenda-se ler este poema em momentos de reflexão sobre o amor e a perda, e pode ser partilhado com aqueles que também apreciam a poesia de Álvaro de Campos.

Meu amor perdido, não te choro mais, que eu não te perdi!

Um Poema de Álvaro de Campos

Meu amor perdido, não te choro mais, que eu não te perdi!

Porque posso perder-te na rua, mas não posso perder-te no ser,

Que o ser é o mesmo em ti e em mim.


Muito é ausência, nada é perda!

Todos os mortos — gente, dias, desejos,

Amores, ódios, dores, alegrias —

Todos estão apenas em outro continente...

Chegará a vez de eu partir e ir vê-los.

De se reunir a família e os amantes e os amigos

Em abstracto, em real, em perfeito

Em definitivo e divino.


Reunir-me-ei em vida e morte

Aos sonhos que não realizei

Darei os beijos nunca dados,

Receberei os sorrisos, que me negaram,

Terei em forma de alegria as dores que tive...


Ah, comandante, quanto tarda ainda

A partida do transatlântico?

Faz tocar a banda de bordo —

Músicas alegres, banais, humanas, como a vida —

Faz partir, que eu quero partir...


Som do erguer do ferro, meu estertor

Quando é que por fim eu te ouvirei?

Fremir do costado pela pulsação das máquinas —

Meu coração no bater final convulso —,


[Toque de vigias, suspiros do porto?]

(...)

Lenços a acenarem-me do cais em que ficam...

Até mais tarde, até quando vierdes, até sempre!

Até o eterno em alegre Agora,

Até o (...)

No poetmi desde 2022-10-07 01:37:27

Álvaro de Campos in Poesias de Álvaro de Campos


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Álvaro de Campos

O Poeta Álvaro de Campos é um dos mais importantes heterônimos de Fernando Pessoa.

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