Entremos na morte com alegria! Caramba O ter que vestir fato, o ter que lavar o corpo, O ter que ter razão, semelhanças, maneiras e modos; O ter rins, fígado, pulmões, brônquios, dentes. Coisas onde há dor de [...] e moléstias (Merda para isso tudo!) Estou morto, de tédio também Eu bato, a rir, com a cabeça nos astros Como se desse com ela num arco de brincadeira Estendido, no carnaval, de um lado ao outro do corredor, Irei vestido de astros; com o sol por chapéu de coco No grande Carnaval do espaço entre Deus e a vida. Meu corpo é a minha roupa de baixo; que me importa Que o seu carácter de lixo seja terra no jazigo Que aqui ou ali a coma a traça orgânica toda? Eu sou Eu . Viva eu porque estou morto! Viva! Eu sou eu . Que tenho eu com a roupa-cadáver que deixo? Que tem o cu com as calças? Então não teremos nós cuecas por esse infinito fora? O quê, o para além dos astros nem me dará outra camisa? Bolas, deve haver lojas nas grandes ruas de Deus. Eu, assombroso e desumano, Indistinto a esfinges claras, Vou embrulhar-me em estrelas E vou usar o Sol como chapéu de coco Neste grande carnaval do depois de morrer. Vou trepar, como uma mosca ou um macaco pelo sólido Do vasto céu arqueado do mundo, Animando a monotonia dos espaços abstractos Com a minha presença subtilíssima.