É inútil prolongar a conversa de todo este silêncio. Jazes sentado, fumando, no canto do sofá grande — Jazo sentado, fumando, no sofá de cadeira funda, Entre nós não houve, vai para uma hora, Senão os olhares de uma só vontade de dizer. Renovávamos, apenas, os cigarros — o novo no aceso do velho E continuávamos a conversa silenciosa, Interrompida apenas pelo desejo olhado de falar... Sim, é inútil, Mas tudo, até a vida dos campos é igualmente inútil Há coisas que são difíceis de dizer... Este problema, por exemplo. De qual de nós é que ela gosta? Como é que podemos chegar a discutir isso? Nem falar nela, não é verdade? E sobretudo não ser o primeiro a pensar em falar nela! A falar nela ao impassível outro e amigo... Caiu a cinza do teu cigarro no teu casaco preto — Ia advertir-te, mas para isso era preciso falar... Entreolhámo-nos de novo, como transeuntes cruzados. E o pecado mútuo que não cometemos Assomou ao mesmo tempo ao fundo dos dois olhares. De repente espreguiças-te, semi-ergues-te — Escusas de falar... "Vou-me deitar!" dizes, porque o vais dizer. E tudo isto, tão psicológico, tão involuntário, Por causa de uma empregada de escritório agradável e solene. Ah, vamo-nos deitar! Se fizer versos a respeito disto, já sabes, é desprezo!