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A coisa estranha e muda em todo o corpo,

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Este poema de Álvaro de Campos retrata uma atmosfera sombria e misteriosa. O eu lírico descreve um corpo humano que não é mais humano, silenciado em um caixão. Há uma sensação de espera e de abertura para o desconhecido, representada pelo cais deserto e pela porta suprema e invisível. O poema evoca reflexões sobre a energia, a vida e a própria identidade do eu lírico. Recomenda-se ler este poema em momentos de contemplação e introspecção, apreciando sua beleza poética e sua atmosfera enigmática.

A coisa estranha e muda em todo o corpo,

Um Poema de Álvaro de Campos

A coisa estranha e muda em todo o corpo,

Que está ali, ebúrnea, no caixão,

O corpo humano que não é corpo humano

Que ali se cala em todo o ambiente;

O cais deserto que ali aguarda o incógnito

O assombro álgido ali entreabrindo

A porta suprema e invisível;

O nexo incompreensível

Entre a energia e a vida,

Ali janela para a noite infinita...

Ele — o cadáver do outro,

Evoca-me do futuro

[Eu próprio dois?], ou nem assim...

E embandeiro em arco a negro as minhas esperanças

Minha fé cambaleia como uma paisagem de bêbedo,

Meus projectos tocam um muro infinito até infinito.

No poetmi desde 2022-10-07 01:37:27

Álvaro de Campos in Poesias de Álvaro de Campos


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Álvaro de Campos

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